8 de mai. de 2007

Los Hermanos


Folha de São Paulo - 22/02/07

Não, não é o grupo carioca, mas a geração que está tirando o mofo do rock argentino com experimentos eletrônicos, psicodelia, surf music e letras em inglês; discos chegam ao Brasil pelo selo Maldita Sea!

O cenário do rock argentino passa por um inédito momento de efervescência. É no meio chamado independente que a atual produção musical do país encontra sua face mais vibrante, e toda uma cena, com selos, produtores e, claro, público, tem se construído ao redor dos novos artistas.
Os meios de comunicação já acordaram para esta movimentação. Veículos como a "Rolling Stone" local, a "Los Inrockuptibles" (versão argentina para a revista francesa), além dos cadernos culturais dos principais jornais, têm dado crescente destaque aos novos nomes.
"No momento, Buenos Aires é um lugar muito bom para se fazer e desfrutar música", acredita o quase veterano Rubin, que após fazer história com sua ex-banda Grand Prix, com a qual chegou a lançar dois discos na Espanha, agora segue em carreira solo. "A cena indie é riquíssima e está mais variada do que nunca."
Produtor de bandas como a festejada Mataplantas e líder da Valle de Muñecas, Manza Esain faz coro: "Além de variada, a cena está se renovando continuamente".
Variedade é algo que realmente não falta na nova geração argentina. A lista de revelações é extensa e abrange desde a chapação ultrapesada do Los Natas até o neotropicalismo do Doris, passando pelos experimentos eletrônicos orquestrados do Brian Storming, o garage rock festeiro do Tandooris, o indie rock psicodélico do Bicicletas e a surf music do Tormentos.
"O rock mainstream está estancado há anos e não dá sinais de que vá melhorar. O mais interessante está no underground", afirma Peter, vocalista do Los Alamos, um dos nomes mais fortes desta nova cena, que faz canções com letras em inglês. Os brasileiros têm a chance de conhecer o "narco-country" da banda através do EP Emboscada, lançado recentemente via Maldita Sea!, selo que em breve deve trazer ao país trabalhos de outros novos artistas argentinos, entre eles o ótimo El Mato a un Policia Motorizado, além de Los Natas e Fantasmagoria.
"Para quem conhece rock, não soamos como nada de novo, mas para a Argentina somos como extra-terrestres. Não falamos de nacionalismo, nem de futebol, nem do Maradona", diz Peter, resumindo um sentimento geral. Para Santiago Motorizado, vocalista e baixista do El Matoà, a internet tem papel fundamental na atual pluralidade da cena. "Ela deu a toda uma geração a possibilidade de ter acesso a muita música, de todos os lugares e de todas as épocas", explica. "Disso tudo só pode surgir algo bom, e é isso o que está acontecendo."

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