1 de ago. de 2007

diário de bordo

sábado – 21/07/07
Eu, Mari e Cesinha chegamos em Londres pela manhã. Má notícia 1: minha mala tinha sido extraviada. Má notícia 2 (essa bem pior): Cesinha ficou retido na imigração. Então o sábado foi basicamente um dia tenso. O que salvou foi a comida tailandesa no pub em Notting Hill que a Elisa, amiga da Mari que tava por lá, levou a gente. E, depois de mais de dez horas de espera, a notícia de que o Cé tinha sido liberado minutos antes de embarcar para o Brasil. Ficamos esperando o Cesinha num pub na esquina do hotel em Paddington e rolou mó gritaria quando ele finalmente chegou quase onze da noite. No pub, um inglês veio trocar idéia conosco. Papo vai, papo vem, e ele solta: “Eu tocava numa banda... Jesus and Mary Chain, conhece?”. Resumo: o cara era o Nick Sanderson, que tocou bateria no Jesus e no Gun Club. A japa mulher dele, que também era do Gun Club, tava lá também. Fomos dormir bêbados.


domingo – 22/07/07
Fomos ao Lovebox Weekender Festival. Chegamos tarde, não vimos muita coisa. Perdi o show do Hot Chip. Merda. Entrando no festival, escuto alguém gritando meu nome. Era o Keke, que tá vivendo em Nova York e tava passando a semana em Londres a trabalho. Puta coincidência, mêo. O show do Rapture no palco principal tava bem legal. Só não tava mais legal que a mochila com kriptonita. Todo mundo que passava perto dela começava a dançar de forma estranha. Tinha o guardião, com calça de caçar sapo, cofrinho aparecendo, sem camisa, de meias, fazendo uma dança afro celta. O cara mais possuído foi uma bichinha toda arrumadinha, de bermuda e suspensório, que sacou uma camiseta véia do sonquiúti do bolso e enrolou no rosto para fazer sua performance. O show do Bonde foi numa tenda lotava. Tinha fila pra entrar. Fiquei impressionado com o quanto o povo ficou tomado com o show deles. A tenda ficou tão quente que não agüentamos ficar lá para ver o Diplo. Ainda tentamos ver o B52’s e Toots and the Maytals, mas tava tudo meia boca. Melhor foi o vale refeição que ganhamos do Gorky que rendeu uma torta de batata com carne e feijão.


segunda – 23/07/07
Passadinha em Candem, choppinho no pub e trem pra Glasgow. A viagem começou como um pesadelo. Nós quatro (Mari, Elisa, Cé e eu) nos espremendo na área entre os dois vagões, ao lado do banheiro, entre malas, um casal, uma família e um pastor alemão. Bolívia fudida. Quando conseguimos arrumar poltronas no vagão silencioso, o trem quebra. Beleza, conseguimos assentos legais no trem seguinte e chegamos novinhos em Glasgow.


terça – 24/07/07
Turismo de pub em Glasgow. Antes do almoço já estávamos bêbados.


quarta – 25/07/07
Fomos pra Edimburgo. Puta cidade linda. O castelo é impressionante.


quinta – 26/07/07
Mais pubs em Glasgow. Com comprinhas, visita à Monorail (loja do Stephen Pastel, dentro de um bar chamado Mono), pizza, etc.


sexta – 27/07/07
Finalmente encontramos o resto da igreja, que chegou de Londres no tourbus: Gui, Lulins, Eugênio, Rolla, Pedro, Du, Ira, Ed e Kieran. Primeiro fiquei de cara com o tourbus: tinha cozinha, sala de estar com playstation, DVD e o caralho, sala de jantar e cafofos super habitáveis, com luz de leitura e tudo. O ônibus já tinha sido do Babyshambles e The Bees. O motorista era a cara do John Locke e já tinha dirigido até pro Kiss. Depois fiquei de cara o Classic Grand, casa onde seria o show: um bar / casa noturna para cerca de 500 pessoas, o manager mais legal do mundo (grande George), som perfeito, iluminação incrível, e um camarim com geladeira lotada, micro-ondas, banheiro e chuveiro limpinhos, toalhas brancas... superstar fudido. Os DJs da noite eram o Aidam Mofat (Arab Strap) e Chris Geddes (Belle & Sebastian). Participaram do coral, a Katrina (Pastels) e o Tom Crossley (International Airport). Na platéia, estavam Stephen Pastel e Francis (Teenage Fanclub). Teve uma hora que não acreditei: olhei ao redor de mim no camarim e estavam Chris Geddes, Kieran Hebden e Katrina Pastel. E mais: cantamos Nothing to be Done com a Katrina enquanto o Stephen tava na platéia. Morri dez vezes. E esse foi o show mais “morno” da tour.


sábado – 28/07/07
No caminho de Glasgow para Londres, paramos em uma praça de alimentação para o almoço. Já estávamos felizes com a matéria de página inteira na Time Out sobre o TrocaBrahma. Então chega o Kieran o guia do Guardian, que trazia nosso show em primeiro lugar no top 5 de programas musicais da semana em Londres. Mais surreal que isso só mesmo foi ver a Amy Whinehouse esperando o namorado cagão perto do banheiro da praça de alimentação fazendo cara de nojinho quando o Eugênio foi bater uma foto dela. Dizem que o Plastic People tem o melhor som de Londres. Foi por isso que o Kieran escolheu fazer o show lá. Os problemas: 1. a casa é menor que o Milo antes da reforma. 2. a casa é feita só para discotecagens. 3. foram vendidos 260 ingressos. A noite começou apertada, mas o DJ destruía. Testou o som com Alice Coltrane e ficou só no dubstep antes dos shows (nos três dias, a estrutura era a seguinte: 1. Open Field Church 2. Four Tet 3. Open Field Church + Four Tet). Aí começou o show da OFC e foi só tristeza, mesmo com reforços de dois amigos do Ed e da Dri, amiga da Lulins. Não tínhamos microfones nem retorno. E mal conseguíamos ouvir ou ver um ao outro. Resultado: catástrofe. Muito mais para nós do que para a platéia. Ganhamos fãs japoneses e portugueses ao mesmo tempo que um ou outro vaiava. Bateu uma deprê fudida. Daí entrou o Kieran, que fez o set mais tomado da história. Quando entramos para a parte colaborativa, magicamente tudo deu certo. O público amou a versão de “Freak”, do LFO, cantando junto e o caralho, e delirou com “Minha Menina”. Vai ser difícil apagar da memória o fim do show, com coral e público cantando junto por uns cinco minutos. Aliás, não fosse pelas camisetas, nem daria para reconhecer quem era banda e quem era público. Catarse coletiva fudida, todo mundo abraçado, alguns carregados. Depois a pista ainda pegou fogo com afro beat soul funk jazz latin brasilianismos. Melhor DJ da história. Ganhou corinho no final e tudo. Que noite. Tivemos que nos despedir do Ed, que não seguiu para Liverpool conosco. A Dri entrou no espírito e seguiu na tour. No ônibus ainda rolou uma competição bisonha de quem comia o prato mais nojento. Aguardem fotos.


domingo – 29/07/07
Chegamos em Liverpool temerosos, pois o show seria de graça e a cidade é tomada de hoolingans. Eu e a Mari caminhávamos para o Cavern Club e vimos uma cena pesada: um cara todo ensangüentado sendo aparado por amigos enquanto uma gangue de umas vinte pessoas chegava neles armados de paus e pedras. Sorte que bem nesse momento a polícia chegou. O Cavern Club em si não tem nada demais. Depois de um choppinho, batemos um fish and chips e fomos para o Bumpers, local do show. O lugar tava lotadaço. O público era mais molecadinha, cerca de umas 500 pessoas. E o show foi insano. Acabada a primeira parte, neguinho vinha pedir autógrafo, CD e o caralho. Na seqüência, o Four Tet mais uma vez foi assombroso. Mas nada preparava a gente pro que veio depois. O final do show foi ainda melhor que o de Londres. As quatro músicas saíram perfeitas. O público urrava. No final catártico de “Slow Jam”, ainda apelamos e puxamos um “Liiiveeeerpooool, Liiverpoool” junto com a platéia. Mais um final lindo. Coral em êxtase, público na mesma onda. Depois ainda rolou dança na pista. Aí nos despedimos de Lulins, Gui e Eugênio e seguimos para Londres. Finito. No ônibus, ainda enchemos a cara. E como não poderia deixar de ser numa tour de rock, faltava o papelão. Vomitei cerveja e vinho em toda escada to ônibus, após ser acordado no meio da noite pra descer do ônibus que tava sem gasolina. Haha. Limpei tudo junto com o Mike (John Locke) e voltei a dormir. Chegamos a Londres e passamos a última noite no Hilton de Kensington. Descanso justo. Ainda deu tempo, entre segunda e terça, de dar um passeiozinho por pontos turísticos e comer bem. Terça de tarde pegamos o vôo para o Brasa. Chegamos aqui, Mari e eu, às seis da manhã. Passei em casa, tomei um banho e vim pro trabalho. Que dias.

3 comentários:

Pedro Bruno disse...

BELIEVE!!!!!

me dá um nome? disse...

HAHAHAHAHA bela viagem. o final então, terminando com o vômito, distruiu (by jardeoul)!

Anônimo disse...

meu deus!!! ja estou com saudade.