"os taxistas são o termômetro desta cidade"
Terminamos a noite ouvindo crunk no talo - mais precisamente "It's Going Down", do Young Joc - num táxi que demorou horas pra aparecer. Antes disso, o dia tinha sido longo. A viagem, com conexão em Houston, foi tranquila. No avião, além do Beto e eu, estavam Curumim e banda e o Rodolfo, da Amplitude, e senhora. Em Houston, me mandaram pra salinha reservada, para um inspeção mais detalhada da minha bagagem. Não pegou nada, mas um diálogo foi memorável:
- policewoman - você traz alguma coisa nessa mochila, tipo uma maçã?
- eu - uma maçã? por que, você quer uma maçã?
- policewoman - sei lá, às vezes as pessoas pegam maçãs no avião...
- eu - ...
Vale lembrar também o vídeo simpático que passa para o povo na fila da imigração. É um lance tipo Brasil miscigenado, só que americano, com trilha grandiosa e sequências muito VA. A mais tosca de todas é a de um cadeirante em alta velocidade em uma estrada no deserto.
Aí, já em Austin, pegamos um transfer pro hotel - a 7 milhas do centro, vale lembrar - e o motorista da van era brasileiro. Reclamou um monte da baixa do dolar e tudo mais. Mais tarde pegamos um taxista goiano. Disse que só passaria mais quinze dias nos EUA. "Não vale mais a pena".
Tá. O festival é foda. Puta estrutura, puta organização. E olha que o braço musical ainda nem começou oficialmente. Peguei meu badge, que vale só 650 dólares, e a sacola - uma ecobag com estampa desenhada pelo Thurston Moore - repleta de tralhas. Uma ou outra coisinha lá dentro se salva. No Centro de Convenções de Austin, coração da parada, se concentram a feira, a área de credenciamento, a sala de imprensa, a área de distribuição de sacolas e um palco diurno. Tudo devidamente cheio de wi-fi e cafés vendendo blends sei lá o que do Starbucks. O fumódromo tem vista pra cidade e a sala de imprensa de um monte de laptops e palquinho pra coletivas, além de refrescos e cafezinhos à vontade. Lá, descolamos brochinhos do Wesley Willis. Chorei. O resto do festival acontece espalhado pelo centro da cidade.
De show, teve pouca coisa. Fomos cobrir o dos cearenses do Telerama, numa festa internacional. O público curtiu a timidez inocente do power pop da garotada. Perdemos uma das festas de abertura, com show do Moby. Mas fomos ao Emo's onde pegamos um show muito muito muito muito fudido do Portugal the Man. Nunca tinha ouvido a banda e fiquei de cara: um híbrido de Black Mountain, Akron/Family e Dr Dog. A cereja do bolo é o vocalista que canta como um Jack White neguinha. Antes, teve o Scissors for Lefty, que foi legalzinho. Num outro palco, vimos o The Blakes, trio bem competente. Mas, competente por competente, como disse o Nobre, "banda aqui, se não tiver tudo certinho, nem sai da garagem".
Não falei que tinha reencontrado o Nobre no Emo's, depois de encontrá-lo de manhã no saguão do hotel junto com o Mateus. Alta concentração brazuca no Ramada Limited periférico. A última da noite foi, Beto, Nobre e eu, no coquetel de abertura do festival. Tinha um nacho com strogonoff de cheddar apimentado que tava uma delícia, viu.
Acho que teve mais coisa, mas já passou das três e meia e amanhã tem mais.
Um comentário:
o emo (não o emo's) passou o disco do portugal the man no ano passado. é bom.
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