"Keep Austin Weird" diz o adesivo favorito dos locais - bem diferente do "Don't Mess With Texas", popular no resto do estado. Pelo menos durante o festival, o que não falta por aqui é freaks. E, pelo menos durante o festival, a população é só sorrisos para todos. Me disseram que aqui nem parece EUA. Mas acho que o lance, como tudo por aqui, é a grana mesmo. O que entra de dinheiro na cidade nesta semana não tá no gibi. Bom, de qualquer forma, tirando o episódio do bouncer troglodita, tratamento pra gente de fora aqui é vip.
Ontem não tínhamos a obrigação de gravar nenhuma banda. Nenhum brazuca ia tocar. Então pude fazer meu festival. Uma das coisas mais legais do SXSW é que você faz seu festival. São mais de 1500 artistas, mais de 50 casas, tudo ao mesmo tempo agora. Então fica praticamente impossível duas pessoas fazerem a mesma combinação de shows. Um festival customizável. haha. O outro lado é que a opção por um show, derruma uma série de outras. No primeiro dia isso tava me fazendo mal. No Pop Montreal, que é bem mais light, já tinha ficado tenso com isso. Agora já tô lidando melhor com essa história de perder Helmet pra ver She and Him.
Isso foi uma das que aconteceu ontem. Cheguei na festa da Merge no começo da noite. Tava tudo tranquilo. Tomamos uma cervejinha e assistimos a um showzinho do Portastatic, só o Mac, voz e violão. O Mac é daqueles caras que sempre vai fazer um show legal, seja com o Superchunk ou o com o Portastatic. Mas parece que por um bom tempo vai ser só com o Portastatic. O Superchunk tá meio encostado.
A noite da Merge tinha um line up cheio de coisas que queria ver: Sout Out Louds, Destroyer, She and Him. Optei por descer até o Emo's e voltar mais tarde. Queria ver o show do Does It Offend You Yeah?. Chegamos lá e o Crystal Castles tava rolando. Ao vivo, achei bem fraquinho. Bem diferente do DIOYY. Eles tocam com teclado, baixo e bateria, e soam com o um LCD Soundsytem sem toda a bagagem de nerd musical do James Murphy. O show foi uma porrada, dançante e (ui) intenso. Sente o finzinho do show:
Dali, um dogão na rua e mais uma parada, pra ver o Plants and Animals. Outro showzão. Ao vivo, o trio (duas guitarras, bateria) soa bem mais pesado do que no disco, como um Black Mountain que ouviu muito CSN&Y.
De volta ao palco da Merge, uma surpresa: uma fila gigantesca, quarenta minutos antes de começar o show do She and Him. Nem sabia que tava rolando um hype em cima deles. Consegui entrar em cima da hora. Deu tempo de pegar uma Red Stripe, correr lá pro meio e ver um show doce, lindo. A Zoe Deschanel canta bem mesmo (ela é atriz, participou de filmes como Quase Famosos e O Guia do Mochileiro das Galáxias) e o M.Ward é muito bom, apesar de ter cometido a cabacisse de esquecer o slide, que é usado praticamente no disco inteiro.
O lugar tava muito quente e decidimos abandonar não ficar pra ver o Destroyer e tentar pegar o Los Campesinos num lugar meio longe de lá. Chegamos no pico e tem uma banda tipo Silvera encontra 311 tocando no local. Fui olhar o line up e me dei conta de como sou retardado. O show dos Campesinos tinha sido 1:30 da tarde, não seria de madrugada. Depois dessa, restou encontrar o Sérgio, que nos trouxe de carona na VanUSA até o hotel. Os Debates acabaram esticando seus sacos de dormir no nosso quarto mesmo.
O Du e o Sergio, nova formação do Debate, tão num rolê fudido numa van pelos EUA. A van é um capítulo à parte, tipo anos 70, com toca-fitas e cassetes originais de clássicos como "Harvest" e "Brothers in Arms". Tinha acordado com um telefonema do Du. "Man, tamo na cidade". Foi com elas que os dois doentes passaram pra me buscar no início da tarde. Apresentei-os ao centro de convenções e fomos ver o Jens Lekman na festa da Insound.
Jens é foda. Como ninguém, o cara tem a manha de fazer show pra uma tarde ensolarada com choppinho grátis. Sem banda, ele tocou com o modo Jonathan Richman bombando. Simpatia em cima do palco, histeria fora dele. Olha o vídeo aqui de um dos momentos que valeram o festival.
Depois, passadinha no Emo's pra ver um pouco do No Age, que é bem legal: punk noise guitarra/bateria com o baterista cantando. Mas se soubesse que o show do Why? rolava lá em frente era tão bom, tinha abandonado o No Age antes. De qualquer forma, peguei uns 20 minutos de show. Não sabia que eles eram tão banda assim: não tem nem DJ. É teclado, baixo e um baterista exercitando um takarismo no metalofone. Ótimo.
Hoje, meu maior objetivo - além do trampo de gravar mais brasileiros - é assistir ao show do Holy Fuck inteiro. Aí volto feliz pra casa.
Um comentário:
bouncer troglodita mesmo você tinha que ter visto no cercadinho do show do vampire weekend. puta mala, achando que todo mundo era groupie querendo dar pros caras.
mas, aê: grande cobertura, dago! não consegui mandar no esquizo nem um milésimo do que você mandou pra cá.
dá um alô quando voltar pro brasil.
abraço.
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