Minha estratégia pra esse ano foi me empenhar em duas ou três missões diárias e deixar o resto rolar, pegando outras coisas de rebarba e encarando tudo como lucro. Primeira missão: Festa da Filter / Brooklyn Vegan, no Radio Room, pra pegar Daniel Johnston e Passion Pit.
A festa, é claro, tava concorrida, mas o lugar é grande, com um tenda pra umas 800 pessoas do lado de fora e um palco pra umas 400 na parte de dentro. Brasileirada baixou em peso. Ficamos curtindo a tarde ensolarada, tomando cervejinha, ganhando brindes e acompanhando um show ou outro.
Os jovens entraram pra ver o Cursive, mas passei. Peguei boa parte dos Avett Brothers, e gostei bastante do alt-country deles. Aí teve o Daniel Johnston que acabou sendo muito mais um show daqueles pra botar no currículo do que tudo aquilo que eu esperava - amo o cara. Tudo porque ele tocou quase o show inteiro com uma banda tosca pra caralho, tipo bandinha de bar. Não tocou nada dos clássicos também. Como sempre, atormentado, ele tremia bastante e, muitas vezes, pressionava a testa com as mãos, de olhos fechados. Valeu a pena pelas duas músicas que cantou sozinho ao violão.
O grande show da tarde foi o do Passion Pit. Tinha visto a banda ao vivo, antes do hype, em Montreal, no ano passado. Saí da apresentação entusiasmado com a qualidade das canções, mas achei a execução meio magrinha, apesar dos três teclados, baixo e bateria. Nada como alguns meses de estrada pra deixar uma banda promissora no ponto. As músicas do EP ganharam pressão que faltava, a banda está totalmente à vontade no palco e os sons novos são absurdos. Saí de lá com a certeza que eles vão ser muito grandes.
Missão noturna: Matt & Kim. A noite começou com um esquenta no Registrant Lounge e, de lá, partimos pro showcase da Leaf, pra ver o A Hawk and a Hacksaw. A trip to cara tá cada vez mais nas raízes dos campos em que bandas como Beirut e Gogol Bordello buscam elementos pra adornar suas músicas. O lance aqui é porrada, mas tocado só com acordeon, violino, flugellhorn, tuba e um tambor de pé. Nada eletrificado, nada distrocido, só tocado com vigor. Showzão que faria Eugene Hutz não sair mais da Lapa com vergonha do mundo.
Daí pra uma bela caminhada pra festa da Green Label Sounds. Pegamos o Soft Pack, ex-The Muslims, que não valeu muita atenção. Mountain Dew grátis e as fotinhos divertidas tavam muito mais interessantes. Aliás, foi por medinho que eles mudaram de nome? Depois teve o The Pains of Being Pure at Heart, que fez um show delicioso. Imagina só uma banda da midsummer madness ou da Slag circa 98 acertando em tudo, dos refrões perfeitos à clonagem dos Pastels na medida.
Mas a noite foi do Matt & Kim mesmo, né? Dessa vez, em vez de só olhar de longe como fiz no ano passado, fui pra primeira fila me matar com o público. Eu e uma renca de brasileiros. Só sei que saí de lá com quinze anos e com a sensação de que todo show deveria ser assim.
Ainda deu tempo de atravessar a cidade pra ver um showzinho do Max Tundra, o que nunca vai ser ruim. O baixinho é foda. Deu até pra esquecer a exaustão de dançar com seu momento "old rave".
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