A sexta-feira foi o dia mais agradável do festival. Começou cedo, com show do Mae Shi na festa da Windish / Pitchfork no Emo's. Bom show pra abrir o dia e acordar direito. No fim das contas, acabei vendo a banda ao vivo mais duas vezes ao longo do dia. E não enjoei. Só virei mais fã. Acho que o mais legal deles é a maneira como eles aliam demência no palco com perfeição no som. É tudo matematicamente trampado e sai sempre redondo, apesar do caos que eles promovem.
De lá, passamos pra ver o HEALTH, numa tenda no quintal do La Habana. Acho que desde o Liars que não via um show tão violento musicalmente. Antes de mais nada, deve-se respeitar uma banda em cujo show, três dos quatro integrantes, já começam no chão. E o outro, o baterista, é um trator. O que mais impressiona é que nenhum barulho é gratuito, tá tudo no lugar. E olha que o show é muito barulhento. Alto e barulhento. Lindo. Ainda descolei de grátis um Pitchfork 500.
Enquanto comia um sanduba delícia lá do lado, vi o Mae Shi subindo no palco e - por que não? - assisti a mais um show deles. De lá, pro centro de convenções, onde participei de uma sessão de speed dating, espécie de encontro em fast foward entre profissionais do setor. Pra isso, perdi algumas belezinhas que tocariam na festa da Pitchfork / Windish, mas, beleza, o melhor da tarde ainda estava por vir.
Encontrei a Gabi que me falou de uma festa que parecia legal e seguimos pra lá. Legal é muito pouco pra descrever aquilo lá. Era um terrenão baldio cercado. Lá, colocaram quatro pequenos palcos ao redor de um círculo. Tinha também um rinque de patinação e, pra compor o clima white trash, Budweiser grátis. O público era meio hip mendigo do Brooklyn. Perdi as quatro primeiras bandas, entre elas o Death Set, mas cheguei em meio a um set cremoso de uma DJ gatinha, tocando de ESG a Animal Collective, o que só ajudou na vibe - até lembrou as sextas do Neu, haha. A verdade é que o Phil Collins poderia tocar nessa festa que teria sido massa. Qualquer merda teria sido legal lá.
O primeiro show que vi por lá foi o do Popo, banda de três irmãos de ascendência, se não me engano, paquistanesa, recém-descobertos pelo Diplo e adotados por sua Mad Decent. O som é um surf garage lo-fi qualquer nota. Tipo Black Lips piorado. Depois teve o Pre, bandinha inglesa também fraquinha, fazendo um pós-punk raquítico com uma vocalista que lembra demais a Lovefoxxx.
Depois, haha, mais um show do Mae Shi, dessa vez com um clima celebração quase hippie, dando a nota pra apresentação do Dark Meat, que fechou a tarde. Se no show que tinha visto deles no Pop Montreal, dentro de um clube, eles promoveram um carnaval no inferno, no fim de tarde ensolarado eles encarnaram o espírito hippie de trailer park, sem abrir mão do peso, dos confetes e serpentinas. Tudo lindo, tudo perfeito.
Passadinha no hotel pra se recompor e, de lá, direto pra festa da Blackberry, que tinha, entre outras coisas, Beach House, Grizzly Bear e Dinosaur Jr. Na porta, um ligeiro tumulto. Lugar lotado, filas caóticas - para os padrões gringos, claro -, e a polícia acabou fechando a rua. Meio que desisti de entrar e fui comer uma saladinha. Resolvemos passar de novo lá e acabamos conseguindo entrar no meio do show do Grizzly Bear. Nunca fui altos fã da banda, mas o show foi bonzão. O único problema é a napa do Ed Drozd. É gigantesca. Tão gigantesca que você mal consegue prestar atenção no show. Ainda mais eu que tava com uma visão lateral daquilo. haha.
Dinosaur Jr foi uma barulheira desgraçada. Alto, mas muito alto. Os shows que vi deles no ano passado também tinham sido altos, mas nada se compara àquilo. Mal se ouvia a voz do J. Apesar do setlist foda, parti antes que meus ouvidos começassem a sangrar. Corri pra Caipirinha After Party, mas perdi o show da Nancy. Acabei também desencanando de discotecar. O pessoal do clube tava na maior má vontade, fiquei putinho e abandonei. Tava mais afim de me divertir.
A festa tava com bom público, incluindo gente do Trail of Dead, Black Lips e Mae Shi, e a vibe tava altamente positiva. O show do Holger foi completamente caótico. Os moleques tavam possuídos. Uma cena que resume a apresentação: Pata tocando guitarra deitado no meio do público com a boca sangrando enquanto o guitarrista do Mae Shi o enforcava com o cabo do microfone. Pena que, musicalmente, os excessos não ajudaram muito a banda.
Depois teve o Starfucker que fez um show bem legal, misturando eletrônica e rock em atmosfera de diversão. Max Tundra, na sequência, fez outro showzão. Mestre. E ainda teve Los Pirata, mas eu tava retardado demais pra acompanhar. Nem sei como chegamos ao hotel, mas sei que ainda rolou café da manhã no IHOP.
Um comentário:
No último show do Holger na Funhouse o Pata saiu do palco pro meio do público, aquela zona toda e quando me vi estava flutando entre o público, tenho quase certeza de que foi o próprio Pata quem me levantou e carregou pela platéia. Digo quase, pq certeza não tenho de nada. Qdo voltei pro chão, coloquei muito peso em cima de um pé só e dei mal jeito. Na hora não doeu, é óbvio, mas no dia seguinte não conseguia nem andar. Até hoje meu pé ainda dói um pouquinho hehe.
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