26 de set. de 2008

built to spill, dinosaur jr, meat puppets

Ontem foi a primeira noite. Cheguei com o Meat Puppets já iniciado. Mas deu tempo de ver bastante coisa, quase o show todo. Fiquei impressionado com o estado do Cris Kirkwood. Tá parecedo uma mistura de J Mascis com Caniço. Destruído. O Curt tá mais inteiro, mas fez o show usando calça de pijama. Enquanto o primeiro praticamente só faz barulho com o baixo, o segundo trabalha com timbres e texturas, soltando belos fraseados e ruídos esparsos que moldam o cowpunk da banda. Belíssimo aquecimento. Dinosaur Jr ao vivo impressiona. J Mascis é quase um autista. Toca cercado por um biombo de Marshalls, mal se mexe e parece concentrar todo tipo de comunicação na ponta dos dedos - um savant da guitarra. Enquanto isso, Lou faz o papel do cara legal, e o Murph é apenas o Murph. Juntos, o que posso dizer é que produzem um esporro fudido. A surpresa é que o show foi um best of de todas as fases, incluindo coisas da época em que a banda não teve o Lou, como "The Wagon", "Feel The Pain" e "Out There". Se o Dinosaur Jr se pauta pela violência, o lance do Built to Spill é delicadeza e precisão. Tanto que levou a primeira música toda pra acostumar os ouvidos ao som mais "baixo" do BTS. Fiquei impressionado com o trampo de guitarras. É como se reproduzissem os diálogos do Television em três guitarras mais um celo. Intrincado, o lance. E Doug tem toda aquela vozinha e ouvir um disco que você gosta ao vivo na ordem certa é demais. Depois ainda teve outros clássicos e um bis eterno, que finalizou com uma jam com os Meat Puppets. Só faltou uma coisa pra que a noite fosse perfeita: que todos meus amigos tivessem lá.

25 de set. de 2008

santogold + altas surpresas

santogold
Parecia que a noite tava fadada ao desastre. Pra começar que cheguei no hotel de Toronto e não achavam minha reserva. Legal. Quer dizer, já tinha começado antes, com o cancelamento do Mogwai / Fuck Buttoms, que era o único motivo da minha vinda de um dia pra cá. Demorou pra caralho, mas acharam. E, obrigado priceline, por me achar um hotel de putão por preço de motel. Pena que aproveitei muito pouco porque o show tava marcado pras sete da noite. Aí que fui correndo pro pico e... chego lá e o lugar ainda tá vazio. E eu não tinha jantado. E eu já tinha certeza que ia ser uma merda. Quase oito e entra uma banda de abertura, Low Vs Diamond. Fraquinha. Tipo, ouviram U2 demais. As outras 10 pessoas que tavam por lá até que gostaram. Eu já tava pensando em desistir, voltar pro hotel. O lugar era uma balada bonitona, mais ou menos com metade do tamanho da Clash. Daí vi um cara com a camiseta do Palmeiras e, claro fui trocar idéia. Quando me dei conta, a casa já tava começando a encher. E entrou no palco a primeira surpresa, o Let's Go To War. Já tinha falado deles aqui. O show é foda. São quatro pessoas no palco: um DJ, um tecladista, um baterista e um MC. Show massa, mistura de hip hop e eletrônica na medida. E quem entra em seguida? A-Trak, o cara. Ele é foda mesmo. Segunda vez que vejo ele tocando e segunda vez que fico de cara. Ele mistura farofada com coisa fina, dá show de virtuosismo, mas tudo em prol da pista. Pista, que a esta altura já estava lotada. E que beleza de pista, tipo um melting pot gone right de garotas lindas e descoladas: loiras, orientais, negras, latinas. Belo público, esse da Santogold. E o show dela foi do caralho. O lance é só ela, um DJ, e duas backing vocals / dançarinas, que são uma mistura de hoochie mammas com o exército do Professor Griffin do Public Enemy. Ela tem voz de verdade e, como não tem banda, carrega mais no reggae / batidão do que na new wave. Rolou a versão de "Guns of Brixton" e esse lance massa, com base sampleando Panda Bear:



No fim das contas, valeu a pena. E muito.

22 de set. de 2008

de saída

Tô partindo de férias amanhã. Passo em Toronto rapidinho - ia lá só pra ver o Mogwai com Fuck Buttoms, que acabou de cancelar a tour - onde assisto a Santogold. De lá, pra NY, pegar Meat Puppets, Dinosaur Jr e Built to Spill tocando o Perfect from Now On - vejo essa trinca duas noites seguidas. Aproveito pra ver o Taka Taka e o Oxfor Collapse. Depois, Montreal, pegar o Pop Montreal, com uma lista incrível de shows fodas: de lendas como Burt Bacharach, Wire, Silver Apples, Nick Cave e Jean Jacques Perrey até coisas mais novas fudidas como Dodos, Dark Meat, Death Set, Cex, The Bug, Hot Chip, Ratatat, Akron/Family, Dr Dog, A-Trak, Beach House e Dan Deacon, passando por orgulhos locais como Maxime Robin, Shapes & Sizes, Megazoid, Socalled e Bocce, entre outros. Os brazucas Macaco Bong e Lucy & the Popsonics particpam do evento. Vou tentar ver o máximo que puder - não dá pra ver tudo, é aquele mesmo esquema tudo ao mesmo tempo agora do south by southwest - e relatar por aqui. É isso. Fui.

e o coquetel?

A edição desse ano foi fodaça. Guizado, como previsto, destruiu. Akin, acompanhado de boa parte do Hurtmold, também impressionou. Burro Morto, infelizmente, eu perdi. A revelação foi Zeca Viana e Onomatopéia Bum - projeto do baterista do Volver, com a namorada e a cunhada, que junta girl groups, Arnaldo Baptista e pop lo-fi escocês de maneira genial. Revelaçãozinha foi a Banda de Joseph Tourton, molecadinha fazendo post rock com camiseta do NOFX. Camelo, como disse, funcionou bem com o Hurtmold - arranjos sóbrios, inteligentes - e fez um show tipo histórico, tanto pela comoção do público, que cantou tudo em compasso de histeria - isso com o disco vazado pouco mais de uma semana antes -, quanto pela participação da Mallu, que finalmente sentiu a pressão do que está vivendo. O grande show internacional foi o do Final Fantasy - um grandioso e belo espetáculo de um homem só. Foi massa ver a criançada que estava lá pra ver a Mallu se comover com a apresentação. Catarina, com o Mombojó Felipe na guitarra e uma banda afiada, ganhou o público com carisma de veterana em seu divertido primeiro show. Cidadão fez o esperado: showzão; não houve espaço pra se sentir falta do Vanguart. Os suecos representaram bem; Club 8 e Shout Out Louds competentes; Peter, Bjorn & John ferozes. Com certeza, a melhor edição do festival.

sobre as coisas que andei falando

- Six e Denem agora têm nome para a banda, Homiepie, e os petardos já tão aqui pra baixar. Vê se é foda ou não;

- A Rcrd Lbl disponibilizou o remix do Born Ruffians pro som da Nancy;

- E o ruído/mm foi citado na entrevista do David Byrne pela Pitchfork.

20 de set. de 2008

e a mallu desabou

Bruno G registrou o momento. Tá aí em primeira mão:


E ela cantou Los Hermanos e ele cantou "Tchubaruba". E a parceria com o Hurtmold funcionou.

17 de set. de 2008

eu era mais divertido em 2005

"toda hora eu entro no site da social registry pra tentar baixar um mp3 do electroputas e eles sempre dizem pra eu voltar de novo em dois ou três dias. enquanto isso dá pra se divertir com o gang gang dance que, apesar do nome, não é muito dancável nem tem a ver com pós-punk. se bem que, quando eu toco essa música na balada, até chego a dançar um pouco. bêbado que sou."


"cheeseburger, cara. o nome da banda é cheeseburger. putaqueopariu. cheeseburger!"



"tem aquele filme "fuckland", em que um argentino vai para as malvinas tentar engravidar o máximo de mulheres possíveis para espalhar argentinos pela ilha. imagina isso em escala global. acho que o mundo até que ia ser legal: teríamos kioskos vendendo alfajor em canda esquina, o sorvete da freddo seria uma instituição planetária e firuleiros tipo ronaldinho gaúcho não teriam vez no futebol. além disso, também existiriam mais caras tipo o josé gonzáles."



"o roque de roqueiro moda roque que a gente vê por aí ia ser bom de verdade se neguinho tivesse 1/8 de uma das bolas do jeffrey lee pierce."


"o edan é tipo um mc 900 ft jesus do ano 2000, só que melhor. e com um nome pior. não se pode ter tudo."


"fico imaginando a cara do max cavalera quando ouviu isso. o cara redefine o sentido de cavernoso. fora que ele é de tuva. você sabe onde fica tuva?"



"vira e mexe a gente encontra clones do aphex twin por são paulo. essas criaturas atendem pelo nome de alex twins. ontem no milo tinha dois. o problema dos alex twins é que ele não fazem trilhas pras demências do chris cunninghan. assiste ao vídeo e aprenda os passos. dancinha do rubber johnny tá na moda."


e minha favorita:

"toda vez que neguinho fala do british sea power é sempre aqule papo joy division / echo & the bunnymen / bowie. po, quando eu escuto o bsp, galaxie 500 aparece na minha cabeça piscando em letras garrafais, mais ou menos como na vez que o bicso viu "bem-vindo ano 2000" enquanto dançava louco de E em maresias ao som de daft punk."

15 de set. de 2008

solitude

Engraçado ninguém falar nisso. Na quarta e na quinta, a Colleen e o Owen Pallett tocam no SESC Santana. Vi o show da Colleen abrindo pro Beirut e achei lindão. É ela sozinha, construindo músicas aos poucos, loopando celos, clarinetes, sininhos e até caixa de música. Vale ir. E o Owen eu não vi, mas curto muito o Final Fantasy. Espero que ele toque a versão pra "This Modern Love", do Bloc Party, que é genial. Olha só:

rock bottom riser

foto por Stephanie Toth

Não disse nada sobre o show do Bill Callaham na semana passada. Acho que não tenho muito a dizer além de que o cara é FODA. O Bruno botou um vídeo aqui, que vai dar uma ideaizinha do que foi. Dá uma olhada que vale a pena.

12 de set. de 2008

no terra

O que o Thiago Ney não disse hoje é que o Breeders provavelmente não vem mais e que vem no lugar, se a agência de publicidade do Terra aprovar, é o Broken Social Scene.

E que o Calvin Harris também pode cancelar. E que ainda falta uma atração pro palco principal.

11 de set. de 2008

gente esperta


Enquanto tem gente reclamando, tem gente fazendo. O FireFriend, banda aqui de São Paulo, por exemplo. Depois de lançar o um remix da faixa "Dubster" feito pelo Daedelus, agora eles aparecem com dois petardos para uma mesma faixa, "Liz": um remix torto e genial do mineiro Retrigger e, outro, de ninguém mais, ninguém menos que o Stereolab. Acredita. Tá tudo pra baixar no site deles. Aproveita a passada por lá e saca a idéia à Sigur Rós que os caras tiveram. Quem comprar o novo vinil - prensando nos EUA, em edição fina, 180g - antecipadamente, ganha seu nome impresso na edição. Tô encomendando o meu.

E lá, de Brasília, depois de criar falatório nos blogs gringos, o Nancy se prepara pra repetir a dose. O "hit" "Keep Cooler" ganhou um remix do Born Ruffians. Incrível, diga-se. Logo mais deve estar pintando por aí.

10 de set. de 2008

só queria dizer

Porque ainda não disse aqui que o disco que o Holger tá preparando é das coisas mais fudidas que vão pintar este ano no Brasil - neguinho vai ficar de queixo caído com a produça.

E que "A Praia", disco que o Gui tá lançando do ruído/mm, também é absurdo de bom.

E que ouvi as coisas que o Six gravou com o Deném, projeto que nem nome nem nada online tem, e fiquei de cara. A parada é tipo sonho molhado de blog gringo.

E que o disco do Camelo ainda não bateu. Mas vou dar outras chances.

8 de set. de 2008

mais motivos pra você ir ao studio sp nessa quarta

1.


2.
"Whenever i get dressed up
I feel like an ex-con
Trying to make good"

3.
"I saw you standing there
With your hand in his hair
And his hand in
Your back pocket
I couldnt help but stare

I wanted to tell you
That i was back in school
But in the dark of the club
I knew it wouldnt carry much weight
Well, i'm trying to learn your language
I'm trying to learn your language

I came to your party empty-handed
I came to your party, uninvited
I came to your party, a headstart on the drinking

I wanted to tell you
That i was back in school
But in the chit-chat, chit-chat should that...
Well, i'm trying to learn your language
It's like a fly learning how to bark
I'm trying to learn your language
It's like a fly learning how to bark

That smile on your face
That smile on your face
That smile on your face
I try to erase
That smile on your face

But a kiss was not the answer
A kiss was not the answer
A drunken kiss was not the answer"

4.
http://wearedisabled.blogspot.com/2008/09/smoggy.html

velha forma

Parece que 2008 é o ano da volta à boa forma. Algumas figuras prediletas que andaram vacilando recentemente fizeram belos discos, alguns deles entre os melhores do ano. Saca só: Bonnie Prince Billy fez uma petardo, "Lie Down in the Light", um dos melhores de sua carreira; "(OH)Ohio", do Lambchop, se não é um "Nixon" - aí já seria querer demais, né? -, tá lá com as coisas que eles faziam antes da opra-prima; o Mogwai voltou a fazer barulho lindo com "The Hawk is Howling"; e o Mercury Rev arriscou e acertou bastante no "Snowflake Midnight".

verde


Num esquema semelhante ao Album Virtual da Trama, a Mountain Dew lançou seu "selo", Green Label Sound, que pelo visto vai lançar uma série de singles. O primeiro lançamento é uma faixa do Cool Kids e o próximo é do Matt & Kim. No mínimo, os caras tão bem de curadoria.

E, falando em Álbum Virtual, vai na fé e baixa "Chapter 9", o disco novo do Ed Motta. É capaz de você se surpreender.

4 de set. de 2008

entre nós

Bill Callaham toca semana que vem no Studio SP. E neguinho só fala da porra do show da Madonna. Pau no cu dessa véia. Você vai perder isso aqui?



E se ele cantar isso eu morro:

When the conversation is over
And there's nothing left to say
I know what you're going to do
So i'm going my seperate way
You're going to call your new friend
On the telephone
I wonder what you call him
When i'm not home
Now this has been
Going on every night
Since that week i left town
It really makes me think
I shoulda stuck around
So i'm.. going to my living room / bedroom
You know this is apartment is so small
We used to share a bedroom
Until you got that call

You close your door
So firmly
That i put up
My chinese screen
But you know
I cant hide a thing at all

Now you've got your doors
And i wonder
What goes on
I've got my chinese screen
But you know
I cant hide a thing at all

You've got your radio on low
To cover the sounds
But your voice so soft, so soft
It could only be heard by your new friend

I've got my radio blasting
To show that i dont care about anything
You could possibly say to your new friend

Now you've got your door
And i wonder
What goes on
I've got my chinese screen
But you know
I cant hide a thing at all
And all that i can think of
Is that how you used to be me
On the phone to you
While your lover died.. outside..
And in this chair tonight
I wouldnt mind if i die
And left you to your new friend
Your new friend

Now dont get me wrong
I know.. i'm still your boyfriend
But that doesnt mean a damn thing at all
As long as you've got
Your new friend

personalidade

VOTEM EM MIM! VOTEM EM MIM! VOTEM EM MIM!

Tô concorrendo como personalidade do ano no Prêmio Dynamite. hahahaha. Vota, vai.

É aqui.

E aproveita e vota nos brothers. Tem um monte de disco que o Gui lança concorrendo e a Agência Alavanca, que faz nossa assessoria, também tá na parada.

E vota na TramaVirtual como veículo online e programa de TV.

sumiço

Pois é, andei sumido. O que posso dizer é que a última noite da Peligro no Milo, uma semana atrás, foi tão foda que me mandou direto pra UTI. Mas já tô bem, podem ficar tranquilos.

O Gui já falou por mim o que foi aquilo:

"Certamente minhas palavras não farão jus ao que foi a última noite da Peligro no Milo Garage. Sem tirar nem por, foi exatamente como a gente achava que deveria ser: um monte de amigos, pessoas sorrindo e surtando, histeria coletiva tanto no show incrível do amuleto Stan Molina quanto na discotecagem impecável do Dago, que resgatou especialmente para a ocasião o Centro Cultural Batidão, ao lado do Du. Numa palavra, um monte de gente feliz por estar vivendo aquele momento, enquanto aguarda o próximo. Olhando por cima, essa festa única foi a síntese da nossa história por lá. Não poderia ter sido melhor, nem diferente"

A Kátia também fez um relato emocionante. Tá aqui.

Foi tudo isso que eles contam. E um momento vai marcar essa noite na minha cabeça pra sempre. Antes da banda, quando soltamos "Random Rules", do Silver Jews, e quase toda a pista cantou a letra inteira aos berros. Juro que deu um nó na garganta. Assim como em outros diversos momentos da noite. Todo mundo dançou, fosse com Squarepusher fosse com De La Soul. E a turma que foi para o Dona Deola no início da manhã resume o espírito que tentamos imprimir à festa nesses mais de três anos: roqueiros, rappers, fãs de música cabeçuda, indies e brazucóides, todos juntos sabendo que, no fim das contas, good vibe e boa música é que prevalecem.